Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]


Telhados de vidro

por Samuel Garcia Portugal, em 02.06.16

A minha primeira namorada mais a sério chamava-se Daniela. Eu tinha 18 anos e estava a acabar o primeiro ano da faculdade.

Ela tinha 17 e estava a acabar o 12º ano, que só conseguiu à segunda tentativa por causa de Matemática.

Depois de nos conhecermos, rapidamente começamos a namorar. As coisas foram evoluindo normalmente e depois do primeiro beijo vieram os primeiros apalpões, as primeiras tentativas de avanços mais ousados, sobretudo da minha parte...

Fui descobrindo algumas coisas acerca do passado dela conforme fomos avançando na nossa relação e avançando pelos nossos corpos. Descobri que já tinham mexido na sua intimidade, mas que ela nunca tinha mexido nem tocado na intimidade dos namorados anteriores. Depois descobri que, mais do que mexer, já lhe tinham feito um minete... Nessa altura da minha vida nunca tinha feito nenhum. O primeiro foi com ela. Muitas das minhas primeiras coisas foram com ela.

Ela mostrava-se sempre uma rapariga um pouco tímida em relação a esses assuntos, embora com abertura suficiente para que as coisas fossem avançando. Com alguns meses de namoro fomos falando sobre a nossa primeira vez, mas ela dava a entender que ainda não estava preparada e que precisava de mais tempo.

Sem problemas dei-lhe esse tempo. Nunca quis que ela fizesse nada cedo demais por pressão. Na minha ideia ela podia ser a minha futura mulher. Nunca fui gajo de pensar em "comer este mundo e o outro", antes pensava sempre em encontrar alguém com quem pudesse assentar e rapidamente construir uma família, ser pai relativamente cedo, etc.

Certo dia uma conversa surgiu, não sei o que levou a tal, provavelmente foi a falar da juventude de hoje em dia, de como as raparigas eram cada vez mais oferecidas... Também abordámos o facto de muitas se preocuparem mais com aquilo que parecem aos outros do que com aquilo que realmente são. A conversa tocou no assunto da sexualidade.

Resolvi mencionar um assunto que já tinha ouvido algumas vezes, e que sabia acontecer no "mundo real". Existem raparigas que, para poderem avançar na sua sexualidade, mas não perderem a "virgindade", ou o que elas chamam de virgindade, davam o rabinho aos namorados/parceiros/amigos. Assim eles ficavam satisfeitos, elas também, e não se rompia nada. Comentei como isso me parecia uma hipocrisia e que na verdade a virgindade não se "mede" apenas por um hímen rompido.

1344887799927_4687179.png

A Daniela não se manifestou muito durante algumas partes da conversa, o suficiente para ter percebido, mas não o suficiente para não me preocupar com isso. Deixei-a em casa nesse dia e passado pouco tempo de ter ido embora ela diz-me que tinha algo para me contar. Eu comecei a desconfiar que teria algo a ver com a conversa e perguntei porque não tinha dito nada enquanto ainda estávamos juntos. Ela disse que não tinha coragem e então contou...

"Sabes, já fiz sexo anal com um ex-namorado meu. Tinha cerca de 15/16 anos. Ele queria muito fazer sexo comigo e eu não estava preparada, mas não o queria perder, então acabei por fazer isso."

Fiquei preplexo... As mulheres conseguem sempre arranjar algo para me surpreender, não é? Não levei muito tempo a pensar nisso nem a julgá-la. Valia o que valia, mas ela parecia envergonhada com aquilo. Não é o mesmo que arrependida, mas pronto.

Depois fiz-lhe mais algumas perguntas. Percebi que tinha sido num balneário do colégio onde ela andava, porque o rapaz tinha chaves e acesso aquilo. Para ela não tinha sido muito bom e pelos vistos só o fez uma vez.

Não posso dizer que isso tenha afetado o nosso namoro. Não afetou. Mas penso muitas vezes o que aconteceria se fosse ao contrário. Uma situação idêntica em que é o homem que é colocado na posição de "inferioridade"... quantas vezes eu não iria levar com aquilo na cara, com aquele argumento.

Sabem que mais? Telhados de vidro...

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 16:00

Soraia, o namoro que nunca chegou a ser

por Samuel Garcia Portugal, em 05.05.16

Neste post falei da Soraia assim de passagem.

A Soraia é uma rapariga que conhecia da catequese. Sim, fiz a catequese até ao fim e cheguei a ajudar a dar catequese. Nunca foi uma rapariga pela qual me tivesse alguma vez sentido particularmente atraído. Sempre foi uma amiga... comum.

Em determinada altura, a Soraia teve de ser submetida a uma intervenção cirúrgica de algum risco mas em que tudo correu bem. O pessoal da catequese, no qual me incluo, assim como o nosso catequista, fomos visitá-la ao hospital depois dessa intervenção. Ela estava fraquinha, mas estava bem. Conversava e parecia bem disposta. E não sei exatamente o que aconteceu, mas alguma coisa despertou em mim um interesse por ela. Até hoje não sei o que terá sido. Como foi a primeira vez que estivemos juntos fora do ambiente da catequese pode ter ajudado, mas nem sequer estivemos sozinhos.

Senti o que senti, e refleti um pouco sobre aquilo. Achei que nunca ia dar a lado nenhum, porque poucas vezes estávamos juntos, porque ela nunca se interessaria por mim. Pouco tempo mais tarde, comentei com a minha amiga Luciana aquilo que tinha sentido, o que me tinha passado pela cabeça. A Luciana era das melhores amigas da Soraia, e andava comigo na escola e na catequese, e por isso estávamos mais tempo juntos. A Luciana foi uma boa ouvinte e é capaz de ter dado alguns conselhos, mas aquilo morreu por ali. ...pensei eu.

Toda esta parte da história, passou-se mais ou menos em janeiro e entretanto aquilo foi passando até que praticamente me esqueci do que tinha passado.

No início de março, recebo uma SMS no meu telemóvel que me deixa perplexo. E é incrível como há pormenores que ficam claramente gravados na nossa memória. Lembro-me que era uma quarta-feira, que estava um dia chuvoso, estávamos à espera do início de uma aula de Educação Física que não sabíamos se íamos ter, e eu olho para o meu Ericsson T10s roxo, e tinha uma mensagem que dizia mais ou menos o seguinte: "Desculpa, mas não consigo esconder mais isto. Estou apaixonada por ti."

Eu fiquei perplexo a olhar para aquilo, e acho que nem tinha a certeza de quem era o número, mas depois comecei a juntar as peças (talvez a mensagem viesse assinada), e fui falar com a Luciana. Ela confirmou que tinha sido a Soraia a enviar a mensagem. Que na altura da cirurgia, a Soraia tinha tido uma conversa com ela idêntica à que eu tive, e a Luciana contou à Soraia o que eu tinha dito, mas eu nunca soube de nada. A Soraia na altura não quis desenvolver mais nada, vá-se lá saber porque, e naquela altura resolveu mandar aquela mensagem.

Fomos conversando por SMS, aquilo que eu tinha sentido em janeiro reacendeu, e lá começámos o "namoro" por SMS.

tumblr_ll0vzc7pmf1qdqou4o1_400.jpg

 

Por diversas questões não tivemos oportunidade de estarmos juntos antes de eu partir para o Brasil. E no Brasil já todos sabem o que se passou por aquele post.

 

.... (pausa para reflexão)

 

Quando voltei não conseguia deixar de pensar na Maria e, entretanto, lembrei-me que tinha de falar com a Soraia. Não fazia sentido continuar aquilo, até porque tudo o que eu eventualmente tinha sentido por ela se tinha desvanecido na imensidão do que foram os sentimentos daquelas 3 semanas no Brasil.

A Soraia por sua vez não desistiu facilmente, insistiu que podíamos tentar na mesma. Como ela também tinha ido de férias para Vigo com amigos naquele período, confessou-me também que me tinha "traído" com alguém. Mas que não fazia mal, que podíamos tentar. Eu não tinha cabeça, não queria pensar naquilo.

Ela acabou por desistir e isso passou.

Como acaba esta história? Passado alguns meses, poucos, a Soraia começa a namorar com um rapaz chamado Tomás. E com cerca de seis meses de namoro vem-me perguntar se eu achava que ela devia perder a virgindade. (Sim, estas coisas aconteciam-me). Eu fiquei estupefacto e disse que ela é que tinha de saber se estava preparada. Perguntei igualmente porque ela não falava com a Luciana que era muito mais amiga dela e certamente teria uma palavra mais sábia, ao que ela me respondeu que sabia qual seria a resposta da Luciana (dir-lhe-ia para não fazer isso), e por isso me perguntou a mim, porque era a única outra pessoa com confiança para o fazer.

Ela não resistiu muito mais tempo e lá "perdeu os três" com o Tomás. Mais tarde ela vem-me contar sobre ocasiões em que não tinha usado proteção, e pelos vistos ela não tomava a pílula... Pelo que tomou uma Pílula do dia seguinte. Comentei com a Luciana estas situações, e ela mostrou-se conhecedora do que se passava. Disse-me inclusivamente que não era a primeira vez que isso acontecia.

Conclusão? Passado uns seis meses ela diz que tem algo para me contar: Surprise, surprise!! Estava grávida.

Casou com o Tomás ainda durante a gravidez e tiveram a criança, que deve ter uns 12 anos. Penso que ela ainda está casada com ele, mas o contacto entre nós foi-se desvancendo muito ao longo dos tempos e não sei o que é feito dela agora.

Autoria e outros dados (tags, etc)

A minha primeira "namoradinha"

por Samuel Garcia Portugal, em 29.04.16

Hoje em dia não sei se o que eu tenho em mente corresponde à realidade, mas durante muitos anos acreditei que era. E o que eu tinha em mente é que na primeira classe tinha umas cinco raparigas que gostavam de mim (e elas eram dez no máximo).

Independentemente de quantas fossem, apenas duas suscitavam o meu interesse: a Débora e a Iara. As duas queriam "namorar" comigo (aquelas cenas de miúdos de 6 anos), e eu tinha que escolher com qual das duas queria namorar. A escolha não estava fácil, mas a ideia que eu tenho é que até estava um bocadinho inclinado para a Débora.

Mas a Iara tinha um "trunfo". A Iara tinha sete irmãos (sobretudo irmãs), todos mais velhos, e num dia qualquer, duas irmãs dela apareceram na primária. Não sei se era um dia especial ou se era um dia de aulas normal, mas elas já tinham sido alunas daquela escolha e a professora deixou-as estar lá. Provavelmente elas devem ter definido como objetivo para aquele dia fazer-me escolher a Iara. E usaram tudo o que podiam usar contra um miúdo de 6 anos: "ela vai ficar muito triste", "ela não vai falar mais contigo"... e se calhar bastou isso.

E pronto, convenceram-me. A partir desse dia comecei a "namorar" com a Iara. E supostamente namorei durante a primeira e segunda classes. Na terceira classe, num dos primeiros dias ela disse que não queria namorar mais comigo.

boyfriendgirlfriend.jpg

 

O namoro consistia em beijinho na cara no dia dos anos dela (2 de outubro, não me esqueço), e alguns telefonemas para casa nas férias.

Mais tarde arrependi-me da escolha que fiz. A Débora acabou por sempre ser mais minha amiga: por exemplo quando fui operado aos pés, ela foi visitar-me a casa, coisa que a Iara nunca fez. Contudo, acho que o principal motivo que me fez arrepender de não ter escolhido a Débora foi outro.

Lembram-se da história do 5º/6º ano, onde eu ia dar beijinhos na cara atrás do pavilhão e fui repreendido por isso, achando a professora que eram beijos na boca? Nesse post creio que disse que havia um outro casal que dava mesmo beijos na boca... A rapariga desse casal era a Débora. Portanto, durante muito tempo pensei que se a minha escolha na primeira classe tivesse sido outra, a minha vida amorosa poderia ter levado um rumo totalmente diferente e provavelmente mais precoce, que para mim teria sido incrível enquanto adolescente.

 

Ou se calhar talvez não.. :P

Autoria e outros dados (tags, etc)

Primeira Paixão, Primeiro... Amor?

por Samuel Garcia Portugal, em 05.04.16

Aviso Prévio - Este post provavelmente vai ser bastante longo, mas eu acredito que vale a pena, especialmente para os interessados em seguir o blog.

 

Este foi um acontecimento que mudou a minha vida. Tão curto temporalmente, mas tão intenso. Foi um acontecimento daqueles que marca um "antes" e um "depois" na vida das pessoas.

Tinha 15 anos e tive a oportunidade de ir com um grupo (recreativo), ao Brasil, por um período de cerca de três semanas. Uma espécie de intercâmbio.

Tudo em mim queria aproveitar aquela experiência tanto quanto possível. Conhecer, viver, absorver tudo quanto pudesse. Era a minha primeira grande viagem para fora do país. Contava os dias para poder ir.

Na altura que fui de viagem, encontrava-me a... "namorar" com uma rapariga chamada Soraia. Uma história complicada que contarei noutro post, para encaixar nesta. Mas digamos que, de todas as relações a que chamei "namoro" aquela foi o que menos se assemelhou a isso. De qualquer maneira é relevante a informação.

Eu era dos mais novos do grupo. Apesar de ter bastante gente jovem, a maioria tinha idades entre os 16 e os 20 anos. Para os rapazes, estava a ser uma excitação pensar nas raparigas brasileiras, que tinham toda a fama que muita gente conhece de serem fáceis, ainda para mais com portugueses... É uma ideia que não se aplica a todas, mas posso dizer que há muitas que se encaixam nos dois estereótipos: tanto as que são efetivamente fáceis, como as que se deixam facilmente levar por um "portuga" tentando conseguir uma vida melhor na Europa do que no Brasil.

Contrariamente a tudo o que se podia esperar de mim, estava completamente alheado dessas situações. Não pensava minimamente nisso. Pela excitação da viagem em si, porque tinha tantas outras coisas para descobrir... e talvez porque, apesar de ser pinga-amor, sempre pensava nas relações a longo prazo, por mais curtas que algumas pudessem ter acontecido na minha vida. Eu era jovem e bastante imaturo, mas tinha algumas ideias bem formadas na minha cabeça.

Chegamos a uma quarta-feira e íamos ficar num grupo idêntico ao nosso que nos recebeu por lá. Algumas pessoas vieram receber-nos ao aeroporto. No caso, vieram umas três raparigas desse grupo brasileiro. O alvoroço entre os rapazes foi logo grande, mas eu praticamente nem me lembro de as ter conhecido.

Era uma loucura. Foi no fim de março, estava a começar o outono no Brasil. Estava quente, uns 30ºC... começou a chover. Fomos para o terraço da associação onde íamos ficar hospedados e tomámos banho de chuva. Isto só para dar uma ideia do clima de diversão que por ali havia.

Depois... Eu nem sei bem como as coisas se passaram. Lembro-me de alguns momentos chave. Estávamos sentados rapazes e raparigas, em cima do palco dessa associação a conversar. A trocar ideias, experiências, como eram as coisas lá e cá. E houve uma rapariga que me chamou à atenção, a Maria. Houve uma qualquer tema em que todos deram a sua opinião, e a nossa era absolutamente coincidente. Não saberíamos completar melhor as frases um do outro. Acho que foi aí que as coisas começaram. Pelo menos para mim. E depois fomo-nos descobrindo. Ela era 4 dias mais nova que eu. Tudo era um motivo para me sentir mais e mais atraído... E não havia nada de "físico" naquilo. Apesar de ela ser bonita, não era isso que me chamava. Cada vez mais as conversas faziam sentido, cada vez mais tinha vontade de estar com ela, falar com ela... E chegámos a sexta-feira.

Sim, foram três dias, se calhar nem isso, mas estávamos num ambiente muito fechado. Eu costumava comparar muito aquilo com o Big Brother, pelo menos com o primeiro BB português que foi o que eu vi, e que provavelmente foi o mais genuíno deles todos. Num ambiente assim, em que as pessoas estão 24h sobre 24h umas com as outras, as coisas acontecem de uma maneira diferente, com uma intensidade diferente. Especialmente sabendo que aquilo tem um prazo de fim.

Nós estávamos no Rio de Janeiro, e nessa sexta-feira à noite iríamos viajar para São Paulo, de onde só voltaríamos no domingo. Como falávamos sobre situações amorosas, com toda a gente, ou quando estávamos só os dois, lembro-me que tínhamos falado sobre quem deveria dar o primeiro passo: rapazes ou raparigas. Ou se as raparigas deveriam dar o primeiro passo, no caso de o rapaz não dar. Lembro-me de ela ter dito qualquer coisa como "Acho que os rapazes devem dar o primeiro passo e tento esperar, mas se ele não der, eu serei capaz de dar". Mas eu não quis deixar aquela oportunidade passar e antes de irmos, disse-lhe como me sentia. E foi recíproco.

Foi um fim de semana... "doloroso", onde nem consegui aproveitar bem tudo como queria, tal era a vontade de voltar a estar com ela, de falar com ela. Não precisava de mais. A maioria do pessoal do grupo já se tinha apercebido que havia qualquer coisa e não me deixavam em paz: "estás com saudades dela, não é?" - diziam eles.

Voltamos no domingo, mas apenas na segunda-feira tive oportunidade de voltar a estar com ela. Tanta emoção, tanta coisa para dizer... Ela não queria que aquilo fosse demasiado público por causa dos pais dela, e eu compreendi. Estar numa... relação que tem um prazo de validade (não que todas não tenham, mas o daquela era incrivelmente curto), com alguém que ela tinha conhecido há 5 dias...

Nesse dia (creio que foi nessa segunda-feira) fomos com algumas pessoas ao shopping que havia perto de onde estávamos.

Fomos com mais algumas pessoas, mas rapidamente nos separarmos. Por um lado porque as outras pessoas tinham coisas específicas para comprar, por outro para estarmos mais à vontade. Andámos um bocadinho e ela diz para irmos para o piso de cima. Pareceu-me uma cena estranha, "mas isso não é o parque de estacionamento?" - disse eu. "Não, não te preocupes" - respondeu ela.

Que ingénuo este rapaz. Era mesmo o verdadeiro totó.

Mal chegamos, percebi que era o parque de estacionamento, mas não percebi logo o que se passava, até que ela me puxou para perto de uma parede e nos beijámos.

tumblr_inline_n98k0f2gmt1sqx32b.gif

 

Tudo parou.

Nunca tinha sentido nada assim. Ficamos lá cerca de 30, 45 minutos talvez, e depois voltamos para a associação.

Todo eu era um misto de emoções. Todo o tempo foi pouco para estar com ela. Não tinha telemóveis ainda, não sabia os dias em que ela poderia vir e estar connosco (comigo, vá) ou não. Muitas vezes nem ela sabia. Passei a maioria dos dias sempre à espera que ela aparecesse. Nuns tive sorte, noutros nem tanto.

Na altura em que lhe contei como me sentia por ela, ela perguntou-me se eu tinha alguém em Portugal. Eu, com medo de não ter a oportunidade de viver aquilo, disse que não. Mais tarde não fui capaz de lhe esconder a verdade e contei-lhe o que se passava. Foi um momento mais difícil na nossa curta relação, mas que ela soube compreender. Afinal, o que é uma relação começada por SMS e onde nem se esteve com a pessoa depois de ela começar? (Sim, foi assim com a Soraia, mas como disse, depois conto o resto.)

Houveram dias realmente muito bons. Eu sentia-me bem e nem queria pensar na possibilidade de ir embora. O fim da viagem foi-se aproximando rapidamente. Houve uma festa, meio que de despedida. Lembro-me de termos chorado. Lembro-me de ter chorado quando disse adeus, de dentro do autocarro que partia para o aeroporto.

Lembro-me de ter chorado ao ler a carta que ela pediu para alguém me entregar no avião.

Lembro-me de ter chorado muitas vezes em casa depois de ter chegado.

Lembro-me de, durante algum tempo ter tido a esperança que ela viesse viver para Portugal (estava dentro dos possíveis planos dela).

Lembro-me também de, às vezes esperar encontrá-la numa qualquer esquina, e descobrir que ela estava a viver cá.

Mantivemos o contacto. No início por carta e e-mail, depois mais por e-mail e outros meios eletrónicos. Umas vezes mais frequentemente, noutras mais espaçadamente.

A paixão foi, ficou a recordação com extremo carinho daquelas três semanas. Passaram-se 14 anos desde que isso aconteceu, por volta desta altura. Somos pessoas completamente diferentes, a vida moldou-nos de maneiras diferentes. Mas nada poderá apagar aquela história.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 17:53

Os beijos apaixonados do 2.º ciclo

por Samuel Garcia Portugal, em 24.03.16

No 2.º ciclo de escolaridade, ou seja, lá pelos meus 10/11 anos, a vontade de ter uma namorada, a curiosidade destas relações ia aumentando.

Nessa altura os sentimentos ainda não eram assim tão significativos que tenham feito com que ficassem guardados na minha memória, mas algumas situações ficaram.

Como já disse, especialmente no início da minha juventude e adolescência, sempre fui assim meio pinga-amor. E no 5.º ano tive assim uma namorada, ou uma "namoradazita", vá.

Também já vos disse que até determinada altura sempre fui bastante respeitador (vulgo "inocente") e um bocado tonto. Mas nada disso impedia que em alguns intervalos específicos fossemos para trás de um pavilhão em específico, onde passava pouca gente, para dar uns beijos. Por essa altura havia também uma outra rapariga da minha turma que namorava e ia para lá fazer o mesmo. A rapariga com quem eu namorava na altura, muitas vezes tinha resistência ao que íamos fazer, e até medo de ser apanhada.

Aquilo foi acontecendo algumas vezes, não sei exatamente durante quanto tempo. Sei que o namoro não durou muito tempo (talvez um mês?).

Também não sei os pormenores do que se passou a seguir. Não sei se fomos apanhados, ou se alguns dos nossos outros colegas contaram à nossa diretora de turma (acredito mais que tenha sido esta última). Como consequência disto, numa das aulas seguintes com a diretora de turma, ela tirou algum tempo para falar connosco sobre os riscos de andar aos beijos, provavelmente enfatizando que ainda éramos novos e devíamos ter responsabilidade e cuidado com o que fazíamos, porque podíamos apanhar algumas doenças (herpes?), etc. etc.

No fundo ela devia estar preocupada por estarmos tão precocemente naquelas "andanças".

Eu sei que não tenho ainda muitos seguidores, e os poucos que tenho não se lembrarão. Para os que se lembram poderão estar a pensar: "Então ele não disse há dois posts atrás que o primeiro beijo dele foi no 8.º ano?". Ao que eu respondo: "Têm toda a razão!".

large.gif

 

A parte mais interessante desta história é que tudo o que nós fazíamos, e que era tão grotesco que tínhamos de nos ir esconder para um recanto, era dar uns beijinhos na cara. Nada mais. Bom, a minha colega de turma e o namorado já se lambuzavam todos e faziam o "desentupimento da canalização", mas não eu.

Por consequência ouvi um sermão que não teria de ser para mim, e não sei o que a professora ficou a pensar de mim pois nunca foi esclarecer a verdade. E se nunca o fiz foi porque provavelmente pior que estar a ouvir um sermão que não tinha de estar a ouvir, era ter de admitir que quase tinha de me ir esconder para ir dar beijinhos na cara a uma rapariga. :)

Autoria e outros dados (tags, etc)

O meu primeiro beijo

por Samuel Garcia Portugal, em 10.03.16

No 8º ano eu mudei de turma logo no início do ano porque a composição da minha primeira turma não agradou aos meus pais (tinha muitos repetentes e muita gente velha demais para estar no 8º ano).

Conhecia um pouco algumas das pessoas da turma para onde fui, em especial uma rapariga, a Laura, que sempre tinha mexido comigo quando falava com ela por algum motivo. Essa mudança de turma fez com que tivesse mais contacto com ela e assim passamos a conversar mais e, como também fazíamos parte do caminho para casa juntos, fomos ganhando uma certa afinidade.

Não me lembro de todos os pormenores de como as coisas correram, e certamente que não me lembrarei de todos os pormenores de outras histórias, mas lembro-me que nesta em particular acabei por pedi-la em namoro.

O namoro, ou "namoro", era uma coisa natural, pelo menos no meio onde estava ou tendo em consideração as pessoas com quem me dava e a idade que tinha (cerca de 13 anos). Não havia muito o hábito de se curtir só "porque sim" e portanto o namoro era o passo normal para quem queria mais alguma coisa. No meu caso, e até ser relativamente mais velho, não me passou pela cabeça estar com uma rapariga só para poder curtir com ela, apesar de nessa altura esperar ansiosamente pela experiência do primeiro beijo.

Ela aceitou o meu pedido de namoro mas não queria que ninguém soubesse, sobretudo porque podia chegar aos ouvidos da mãe. Acho que nunca percebi os motivos concretos, mas estes teriam a ver com histórias do "passado" dela.

Eu sabia também que não seria o primeiro beijo dela, mas também por isso calculei que esse passo chegasse rapidamente para nós.

Lembro-me que combinámos as coisas para um dia e hora específicos. À hora de almoço (depois de almoçarmos), numa quarta-feira. Lembro-me que era quarta-feira por algum motivo, talvez porque o horário tivesse uma particularidade qualquer naquele dia da semana, mas isso ficou-me na memória, o que sempre achei curioso.

No dia e hora combinados, lá fomos para um lugar que sabíamos ser mais sossegado na escola, e a verdade é que enquanto lá estivemos, que também não foi muito tempo, não passou ninguém.

E assim foi. Chegámos e eu agarrei-me a ela contra a parede do pavilhão, naquele recanto exterior da escola, preparando-me para fazer algo de que certamente me lembrarei para o resto da vida. Não foi um beijo muito longo, foram cerca de três beijos de média duração, onde aproveitei para encostar bem o meu corpo no dela e também sentir os seus seios que eram daqueles atributos interessantes dela, e que me interessavam particularmente.

tumblr_o79fbe5AIg1ugvbvyo1_500.gif

 

Lembro-me de ter sido bem interessante, provar aquela boca quente, aqueles lábios carnudos. Ela beijava bem. Naquela altura obviamente que não tinha ponto de comparação, mas vim a perceber com o tempo que de todas as raparigas que beijei, ela era das que melhor beijava. E não, não foi só por aquele ter sido o primeiro beijo que fiquei com essa recordação. Apesar de ter sido o único desse nosso curto namoro, as nossas histórias amorosas voltaram a cruzar-se mais à frente no tempo, mas isso fica para outro post.

Sim, foi um curto namoro. Não tivemos mais oportunidades para beijos e passados cinco dias a Laura chegou à minha beira a dizer que tínhamos de terminar. Alguém supostamente tinha feito chegar uma carta à mãe dela a dizer que namorávamos e ela não podia arriscar. Nunca acreditei muito naquela história mas a desilusão passou relativamente rápido.

Um passo importante da minha vida tinha sido dado.

Autoria e outros dados (tags, etc)


Mais sobre mim

foto do autor





Pesquisar

  Pesquisar no Blog

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.