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O mIRC... não faço ideia da idade do público deste blog. Muitos, especialmente os mais novos, podem não fazer ideia do que era/é o mIRC.
mIRC quer dizer Microsoft 'moo', ou talvez MU Internet Relay Chat (eu achava que o 'm' era de Microsoft, mas fui corrigido). Basicamente era onde as pessoas conversavam antigamente. Antes de haver msn Messenger, Skype, Facebook Messenger, WhatsApp e outras coisas.
Hoje em dia não existe nada como o mIRC, não exatamente como era. Existem outras plataformas que permitem fazer o que muita gente lá fazia. O mIRC tinha uma combinação de Chatroulette com Messenger, mas era muito mais do que isso.
O mIRC tinha "salas". Cada sala tinha um tópico. Normalmente as salas eram abertas e podia lá entrar qualquer pessoa. Cada sala tinha ops e voices, que eram as pessoas que moderavam as conversas. Podíamos lá estar simplesmente na conversa de um tópico, ou começar a conversar diretamente com uma pessoa.
"oi! dd tc?" -> Oi! De onde teclas?
Deve ter sido das frases mais escritas no mIRC.
Eu usava o mIRC como modo de conhecer pessoas novas. Os canais não me fascinavam muito e por isso ia tentando meter conversa com as pessoas que estavam em algumas salas.
A esperança era conhecer raparigas, claro! Às vezes também ficava a conversar com rapazes. Mas as raparigas eram muito "fechadas" e muitas vezes não se conseguia conversar nada de jeito com elas.
Foi a partir de então que uma brincadeira na escola me deu uma ideia para me entreter enquanto estivesse em casa. Passei a fazer-me passar por rapariga. Criei um alter ego, com um nome (já não me lembro qual era), e muitas vezes fazía-me passar por rapariga. A certa altura muitas pessoas com quem conversávamos pediam fotos... Nessa altura tive de improvisar e ir buscar fotos de uma rapariga qualquer do hi5 (que era o Facebook da época) e usava várias fotos da mesma pessoa para dar mais credibilidade.
Nunca marquei encontros nem nada do género. A minha intenção era tentar descobrir um pouco mais sobre o mundo feminino. Fazer com que as raparigas se abrissem mais com outras raparigas. Muitas vezes também acabava por ficar a conversar com rapazes para tentar saber quais as taras do pessoal. Há gente muito maluca e preversa neste mundo (e eu sabia que já estava incluido numa fatia dos malucos, mas era uma criança diante de certas coisas que lia).
Uma das coisas interessantes foi quando descobri que muito provavelmente, várias das raparigas com as quais conversei eram rapazes. Imaginem o ridículo da situação: dois rapazes a fazer-se passar por raparigas para descobrir o mundo delas.
Mesmo quando depois surgiu o Messenger, e por vezes as conversas saltavam do mIRC para lá, eu criei uma conta específica do meu alter ego feminino para essas conversas.
Muitas destas coisas foram estúpidas, eu sei. Mas acabei por conseguir ajudar pelo menos uma rapariga. Alguém a quem eu revelei a minha identidade quando percebi que provavelmente não estava a fazer as melhores escolhas para a vida dela. Quero acreditar que a ajudei e que fiz diferença. Um dia conto essa história.
Quanto ao mIRC... da última vez que lá fui o canal mais populado era um canal de engates gay. Nada contra ;)
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