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Eu tinha 8 anos, foi por volta de 1995. Estava no Algarve com a minha família de férias, e uns tios e primos também. Naquela altura o meu pai gostava de explorar todas as praias do Algarve e, dois tios meus e um primo gostavam muito da pesca. Todos esses fatores conjugados fizeram com que fossemos para perto da ponta de Sagres.
Uma revista (talvez a Visão) fez um artigo sobre praias interessantes e relativamente desconhecidas, e fez uma ótima recomendação da Praia do Barranco que ficava perto da ponta de Sagres.
Hoje em dia não sei, mas naquela altura, praticamente desde que se saía da N125 até à praia, que o caminho não era asfaltado, era tudo em terra batida (mal batida, o caminho era horrível). Mas lá chegámos. A praia até era agradável, tinha pouca gente e era vigiada.
Lembro-me de ter passado um bom bocado e de ter aproveitado bem a água. A minha mãe sempre foi um pouco apreensiva em relação ao mar e, segundo ela, aquele mar parecia um pouco traiçoeiro, porque aquilo fazia uma espécie de baía e, de vez em quando, o mar ficava mais agitado, com ondas bastante grandes.
Durante a tarde, numa altura em que me encontrava a divertir na água com a minha "pseudo-prancha" de bodyboard, a minha mãe achou que eu estava há tempo demais na água e pediu ao meu pai para me ir chamar e tirar da água. O meu pai com o seu "espírito jovem", e para não me querer estragar muito a diversão, disse que era a vez dele de experimentar a prancha e disse para eu ir buscar a câmara de filmar (na altura filmávamos tudo), para o filmar nas suas.... manobras.
Eu assim fiz e lá estive a filmar o meu pai durante algum tempo. E ele parecia mesmo divertido com aquilo, ao ponto de ter ido mesmo para longe e eu quase já não o conseguir apanhar com a câmara. Já estava com o zoom no máximo e volta e meia ia tentando filmar o que apanhava. A certa altura ele tenta gritar-me (julgava eu) alguma coisa que não percebi bem o que era. Achei que era ele a relembrar-me de o filmar, e lá gritei eu de volta "Eu estou a filmar"...
Eis senão quando vejo o nadador salvador a entrar na água com a sua enorme prancha. Sendo que o meu pai era a única pessoa que estava na água naquela altura, qual foi o meu pensamento? "Olha, este acha que o meu pai se está a afogar ou assim e ele só está a pedir para eu o filmar". E este foi o meu pensamento por poucos instantes, até olhar para trás e ver a minha mãe e a minha irmã a virem para a minha beira já a chorar e aos berros. Aí percebi que, se calhar, o nadador salvador tivesse razão.
Eu fui acalmando a minha mãe com a minha sabedoria de 8 anos, e o nadador salvador trouxe o meu pai de volta para a areia. Deu-lhe um raspanete, dizendo que se não sabia o que estava a fazer com a prancha para não o fazer. E fê-lo saltar para a enorme prancha dele, onde estavam os dois, e fez também o meu pai dar aos braços para chegar até à areia como forma de castigo.
Tudo acabou bem, mas eu não deixei de guardar esta vergonha de ter pensado que toda a gente estava enganada menos eu. De qualquer forma aguentei-me feito um homem... bom, pelo menos até acabar toda a situação. Cerca de uma hora depois devo ter "caído em mim" e desatei a chorar porque nem fui capaz de me aperceber que se calhar o meu pai estava em dificuldades...
Estava no terceiro ano da faculdade. Sempre gostei de futebol/futsal, jogava regularmente com amigos e até tinhamos uma equipa (muito fraquinha) que participava nos torneios da faculdade.
A determinada altura, a Powerade começou a ter um passatempo onde oferecia presentes aos melhores classificados num concurso que eles tinham, do tipo quiz. Contava se a resposta estava certa ou errada, e contava a velocidade com que cada pessoa respondia às perguntas.
E eis que eu me apercebo de uma coisa. Era possível subverter o sistema. As perguntas eram as mesmas para todos os utilizadores, apesar das perguntas e as respostas poderem vir numa ordem diferente. Bastou-me portanto criar um utilizador secundário, ver todas as perguntas e anotar as repostas de antemão. Depois, com o meu utilizador real, responder (sempre acertadamente) o mais rapidamente possível.
Os rankings eram mensais e eu estava em primeiro lugar para receber o prémio daquele mês (uma bola de futsal). Mas entretanto recebi um e-mail que me deixou deveras preocupado...
From: no-reply@powerade.pt Carissimo(a) usuario(a): Devido a recentes investigacoes, foram descobertas actividades fraudulentas no contexto no concurso corrente, referente ao mes de Abril. A sua conta foi considerada perigosa. Por estes motivos esta conta sera banida da Liga Powerade. As autoridades competentes tratarao do caso daqui em diante. A administracao da Liga Powerade.
Comentei com os meus colegas, eles diziam-me para ter cuidado, que se calhar ia ter problemas.
Andei uns dias em que não conseguia parar de pensar naquilo. Apesar de ter subvertido o sistema, não tinha feito nada de ilegal. No máximo podiam excluir-me dos prémios, mas nunca poderiam exercer nenhuma ação judicial sobre mim (ou era essa a minha dúvida).
Eis que um colega meu, vendo a minha angústia, resolveu dar a entender que se calhar não tinha sido a Powerade a enviar aquilo...
E não tinha sido mesmo. Tinham sido os meus colegas para me apanhar numa brincadeira. "Mas como? Se o e-mail veio de um endereço da Powerade?" perguntam vocês?
Nessa semana, na aula prática de uma das disciplinas que tínhamos, estavamos a aprender a usar comandos SMTP para enviar e-mails. Pondo isto em linguagem mais simples, se tivessemos acesso a um servidor SMTP (um tipo de servidor específico de envio de e-mails), podíamos enviar o e-mail em nome de quem nos apetecesse. Hoje em dia, os vários clientes de e-mail, e o próprio gmail já assinalam este tipo de e-mails como sendo possivelmente fraudolentos (não necessáriamente SPAM), e indicam que não conseguiram confirmar o destinatário, mas naquela altura não.
Os meus colegas tinham essa aula à terça-feira e eu só a teria à sexta-feira, pelo que eles tinham tempo para me deixar aqueles dias na dúvida. Descobri antes disso, mas efetivamente fui enganado durante alguns dias.
P.S. Ainda tenho a bola da Powerade lá em casa :D
Hoje em dia não sei se o que eu tenho em mente corresponde à realidade, mas durante muitos anos acreditei que era. E o que eu tinha em mente é que na primeira classe tinha umas cinco raparigas que gostavam de mim (e elas eram dez no máximo).
Independentemente de quantas fossem, apenas duas suscitavam o meu interesse: a Débora e a Iara. As duas queriam "namorar" comigo (aquelas cenas de miúdos de 6 anos), e eu tinha que escolher com qual das duas queria namorar. A escolha não estava fácil, mas a ideia que eu tenho é que até estava um bocadinho inclinado para a Débora.
Mas a Iara tinha um "trunfo". A Iara tinha sete irmãos (sobretudo irmãs), todos mais velhos, e num dia qualquer, duas irmãs dela apareceram na primária. Não sei se era um dia especial ou se era um dia de aulas normal, mas elas já tinham sido alunas daquela escolha e a professora deixou-as estar lá. Provavelmente elas devem ter definido como objetivo para aquele dia fazer-me escolher a Iara. E usaram tudo o que podiam usar contra um miúdo de 6 anos: "ela vai ficar muito triste", "ela não vai falar mais contigo"... e se calhar bastou isso.
E pronto, convenceram-me. A partir desse dia comecei a "namorar" com a Iara. E supostamente namorei durante a primeira e segunda classes. Na terceira classe, num dos primeiros dias ela disse que não queria namorar mais comigo.
O namoro consistia em beijinho na cara no dia dos anos dela (2 de outubro, não me esqueço), e alguns telefonemas para casa nas férias.
Mais tarde arrependi-me da escolha que fiz. A Débora acabou por sempre ser mais minha amiga: por exemplo quando fui operado aos pés, ela foi visitar-me a casa, coisa que a Iara nunca fez. Contudo, acho que o principal motivo que me fez arrepender de não ter escolhido a Débora foi outro.
Lembram-se da história do 5º/6º ano, onde eu ia dar beijinhos na cara atrás do pavilhão e fui repreendido por isso, achando a professora que eram beijos na boca? Nesse post creio que disse que havia um outro casal que dava mesmo beijos na boca... A rapariga desse casal era a Débora. Portanto, durante muito tempo pensei que se a minha escolha na primeira classe tivesse sido outra, a minha vida amorosa poderia ter levado um rumo totalmente diferente e provavelmente mais precoce, que para mim teria sido incrível enquanto adolescente.
Ou se calhar talvez não.. :P
Esta é uma história daquelas curtinhas, mas que também sempre ficou bem gravada na minha memória.
Fui um rapaz que com 5 anos já conseguia ler razoavelmente bem. Sabia bastantes regras e portanto entrei na primária já com algum "avanço" a esse nível.
O episódio terá ocorrido algures entre a primeira ou segunda classe. A tarefa era fazer um desenho, provavelmente relacionado com alguma história que ouvimos ou assim. Não me lembro do motivo. Lembro-me de ter decidido desenhar alguma cena que incluia um sapateiro. Então desenhei a "casa/loja" do sapateiro. Eu sempre fui muito mauzinho a fazer desenhos, mas lá desenhei a casita, e decidi escrever no telhado "SAPATEIRO", para identificar bem aquela construção.
Mas eis que me lembrei: "Nós ainda não aprendemos como se escreve o 'r' em sapateiro! Eu já sei, mas como não aprendemos vou antes escrever SAPATO, para não fazer uma coisa que ainda não aprendemos."
Assim fiz, e fui mostrar o desenho à professora dizendo: "Escrevi SAPATO porque ainda não aprendemos a escrever SAPATEIRO.". E antes que tivesse tempo de explicar que eu sabia como era, e não queria era fazer coisas "à frente" do que tínhamos aprendido, ela respondeu-me "É com 'r' que escreves SAPATEIRO."
Não foi nada de especial, mas senti-me super injustiçado por ela não se ter apercebido que eu sabia. A partir daí decidi que nunca mais ia deixar de fazer aquilo que sabia para não parecer mais inteligente que os outros...
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