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Telhados de vidro

por Samuel Garcia Portugal, em 02.06.16

A minha primeira namorada mais a sério chamava-se Daniela. Eu tinha 18 anos e estava a acabar o primeiro ano da faculdade.

Ela tinha 17 e estava a acabar o 12º ano, que só conseguiu à segunda tentativa por causa de Matemática.

Depois de nos conhecermos, rapidamente começamos a namorar. As coisas foram evoluindo normalmente e depois do primeiro beijo vieram os primeiros apalpões, as primeiras tentativas de avanços mais ousados, sobretudo da minha parte...

Fui descobrindo algumas coisas acerca do passado dela conforme fomos avançando na nossa relação e avançando pelos nossos corpos. Descobri que já tinham mexido na sua intimidade, mas que ela nunca tinha mexido nem tocado na intimidade dos namorados anteriores. Depois descobri que, mais do que mexer, já lhe tinham feito um minete... Nessa altura da minha vida nunca tinha feito nenhum. O primeiro foi com ela. Muitas das minhas primeiras coisas foram com ela.

Ela mostrava-se sempre uma rapariga um pouco tímida em relação a esses assuntos, embora com abertura suficiente para que as coisas fossem avançando. Com alguns meses de namoro fomos falando sobre a nossa primeira vez, mas ela dava a entender que ainda não estava preparada e que precisava de mais tempo.

Sem problemas dei-lhe esse tempo. Nunca quis que ela fizesse nada cedo demais por pressão. Na minha ideia ela podia ser a minha futura mulher. Nunca fui gajo de pensar em "comer este mundo e o outro", antes pensava sempre em encontrar alguém com quem pudesse assentar e rapidamente construir uma família, ser pai relativamente cedo, etc.

Certo dia uma conversa surgiu, não sei o que levou a tal, provavelmente foi a falar da juventude de hoje em dia, de como as raparigas eram cada vez mais oferecidas... Também abordámos o facto de muitas se preocuparem mais com aquilo que parecem aos outros do que com aquilo que realmente são. A conversa tocou no assunto da sexualidade.

Resolvi mencionar um assunto que já tinha ouvido algumas vezes, e que sabia acontecer no "mundo real". Existem raparigas que, para poderem avançar na sua sexualidade, mas não perderem a "virgindade", ou o que elas chamam de virgindade, davam o rabinho aos namorados/parceiros/amigos. Assim eles ficavam satisfeitos, elas também, e não se rompia nada. Comentei como isso me parecia uma hipocrisia e que na verdade a virgindade não se "mede" apenas por um hímen rompido.

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A Daniela não se manifestou muito durante algumas partes da conversa, o suficiente para ter percebido, mas não o suficiente para não me preocupar com isso. Deixei-a em casa nesse dia e passado pouco tempo de ter ido embora ela diz-me que tinha algo para me contar. Eu comecei a desconfiar que teria algo a ver com a conversa e perguntei porque não tinha dito nada enquanto ainda estávamos juntos. Ela disse que não tinha coragem e então contou...

"Sabes, já fiz sexo anal com um ex-namorado meu. Tinha cerca de 15/16 anos. Ele queria muito fazer sexo comigo e eu não estava preparada, mas não o queria perder, então acabei por fazer isso."

Fiquei preplexo... As mulheres conseguem sempre arranjar algo para me surpreender, não é? Não levei muito tempo a pensar nisso nem a julgá-la. Valia o que valia, mas ela parecia envergonhada com aquilo. Não é o mesmo que arrependida, mas pronto.

Depois fiz-lhe mais algumas perguntas. Percebi que tinha sido num balneário do colégio onde ela andava, porque o rapaz tinha chaves e acesso aquilo. Para ela não tinha sido muito bom e pelos vistos só o fez uma vez.

Não posso dizer que isso tenha afetado o nosso namoro. Não afetou. Mas penso muitas vezes o que aconteceria se fosse ao contrário. Uma situação idêntica em que é o homem que é colocado na posição de "inferioridade"... quantas vezes eu não iria levar com aquilo na cara, com aquele argumento.

Sabem que mais? Telhados de vidro...

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publicado às 16:00

Fui enganado...

por Samuel Garcia Portugal, em 16.05.16

Estava no terceiro ano da faculdade. Sempre gostei de futebol/futsal, jogava regularmente com amigos e até tinhamos uma equipa (muito fraquinha) que participava nos torneios da faculdade.

A determinada altura, a Powerade começou a ter um passatempo onde oferecia presentes aos melhores classificados num concurso que eles tinham, do tipo quiz. Contava se a resposta estava certa ou errada, e contava a velocidade com que cada pessoa respondia às perguntas.

E eis que eu me apercebo de uma coisa. Era possível subverter o sistema. As perguntas eram as mesmas para todos os utilizadores, apesar das perguntas e as respostas poderem vir numa ordem diferente. Bastou-me portanto criar um utilizador secundário, ver todas as perguntas e anotar as repostas de antemão. Depois, com o meu utilizador real, responder (sempre acertadamente) o mais rapidamente possível.

Os rankings eram mensais e eu estava em primeiro lugar para receber o prémio daquele mês (uma bola de futsal). Mas entretanto recebi um e-mail que me deixou deveras preocupado...

 

From: no-reply@powerade.pt

Carissimo(a) usuario(a):

Devido a recentes investigacoes, foram descobertas actividades fraudulentas no contexto no concurso corrente, referente ao mes de Abril.
A sua conta foi considerada perigosa. Por estes motivos esta conta sera banida da Liga Powerade.

As autoridades competentes tratarao do caso daqui em diante.

A administracao da Liga Powerade.

Comentei com os meus colegas, eles diziam-me para ter cuidado, que se calhar ia ter problemas.

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Andei uns dias em que não conseguia parar de pensar naquilo. Apesar de ter subvertido o sistema, não tinha feito nada de ilegal. No máximo podiam excluir-me dos prémios, mas nunca poderiam exercer nenhuma ação judicial sobre mim (ou era essa a minha dúvida).

Eis que um colega meu, vendo a minha angústia, resolveu dar a entender que se calhar não tinha sido a Powerade a enviar aquilo...

E não tinha sido mesmo. Tinham sido os meus colegas para me apanhar numa brincadeira. "Mas como? Se o e-mail veio de um endereço da Powerade?" perguntam vocês?

Nessa semana, na aula prática de uma das disciplinas que tínhamos, estavamos a aprender a usar comandos SMTP para enviar e-mails. Pondo isto em linguagem mais simples, se tivessemos acesso a um servidor SMTP (um tipo de servidor específico de envio de e-mails), podíamos enviar o e-mail em nome de quem nos apetecesse. Hoje em dia, os vários clientes de e-mail, e o próprio gmail já assinalam este tipo de e-mails como sendo possivelmente fraudolentos (não necessáriamente SPAM), e indicam que não conseguiram confirmar o destinatário, mas naquela altura não.

Os meus colegas tinham essa aula à terça-feira e eu só a teria à sexta-feira, pelo que eles tinham tempo para me deixar aqueles dias na dúvida. Descobri antes disso, mas efetivamente fui enganado durante alguns dias.

P.S. Ainda tenho a bola da Powerade lá em casa :D

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publicado às 14:26


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