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Aviso Prévio - Este post provavelmente vai ser bastante longo, mas eu acredito que vale a pena, especialmente para os interessados em seguir o blog.
Este foi um acontecimento que mudou a minha vida. Tão curto temporalmente, mas tão intenso. Foi um acontecimento daqueles que marca um "antes" e um "depois" na vida das pessoas.
Tinha 15 anos e tive a oportunidade de ir com um grupo (recreativo), ao Brasil, por um período de cerca de três semanas. Uma espécie de intercâmbio.
Tudo em mim queria aproveitar aquela experiência tanto quanto possível. Conhecer, viver, absorver tudo quanto pudesse. Era a minha primeira grande viagem para fora do país. Contava os dias para poder ir.
Na altura que fui de viagem, encontrava-me a... "namorar" com uma rapariga chamada Soraia. Uma história complicada que contarei noutro post, para encaixar nesta. Mas digamos que, de todas as relações a que chamei "namoro" aquela foi o que menos se assemelhou a isso. De qualquer maneira é relevante a informação.
Eu era dos mais novos do grupo. Apesar de ter bastante gente jovem, a maioria tinha idades entre os 16 e os 20 anos. Para os rapazes, estava a ser uma excitação pensar nas raparigas brasileiras, que tinham toda a fama que muita gente conhece de serem fáceis, ainda para mais com portugueses... É uma ideia que não se aplica a todas, mas posso dizer que há muitas que se encaixam nos dois estereótipos: tanto as que são efetivamente fáceis, como as que se deixam facilmente levar por um "portuga" tentando conseguir uma vida melhor na Europa do que no Brasil.
Contrariamente a tudo o que se podia esperar de mim, estava completamente alheado dessas situações. Não pensava minimamente nisso. Pela excitação da viagem em si, porque tinha tantas outras coisas para descobrir... e talvez porque, apesar de ser pinga-amor, sempre pensava nas relações a longo prazo, por mais curtas que algumas pudessem ter acontecido na minha vida. Eu era jovem e bastante imaturo, mas tinha algumas ideias bem formadas na minha cabeça.
Chegamos a uma quarta-feira e íamos ficar num grupo idêntico ao nosso que nos recebeu por lá. Algumas pessoas vieram receber-nos ao aeroporto. No caso, vieram umas três raparigas desse grupo brasileiro. O alvoroço entre os rapazes foi logo grande, mas eu praticamente nem me lembro de as ter conhecido.
Era uma loucura. Foi no fim de março, estava a começar o outono no Brasil. Estava quente, uns 30ºC... começou a chover. Fomos para o terraço da associação onde íamos ficar hospedados e tomámos banho de chuva. Isto só para dar uma ideia do clima de diversão que por ali havia.
Depois... Eu nem sei bem como as coisas se passaram. Lembro-me de alguns momentos chave. Estávamos sentados rapazes e raparigas, em cima do palco dessa associação a conversar. A trocar ideias, experiências, como eram as coisas lá e cá. E houve uma rapariga que me chamou à atenção, a Maria. Houve uma qualquer tema em que todos deram a sua opinião, e a nossa era absolutamente coincidente. Não saberíamos completar melhor as frases um do outro. Acho que foi aí que as coisas começaram. Pelo menos para mim. E depois fomo-nos descobrindo. Ela era 4 dias mais nova que eu. Tudo era um motivo para me sentir mais e mais atraído... E não havia nada de "físico" naquilo. Apesar de ela ser bonita, não era isso que me chamava. Cada vez mais as conversas faziam sentido, cada vez mais tinha vontade de estar com ela, falar com ela... E chegámos a sexta-feira.
Sim, foram três dias, se calhar nem isso, mas estávamos num ambiente muito fechado. Eu costumava comparar muito aquilo com o Big Brother, pelo menos com o primeiro BB português que foi o que eu vi, e que provavelmente foi o mais genuíno deles todos. Num ambiente assim, em que as pessoas estão 24h sobre 24h umas com as outras, as coisas acontecem de uma maneira diferente, com uma intensidade diferente. Especialmente sabendo que aquilo tem um prazo de fim.
Nós estávamos no Rio de Janeiro, e nessa sexta-feira à noite iríamos viajar para São Paulo, de onde só voltaríamos no domingo. Como falávamos sobre situações amorosas, com toda a gente, ou quando estávamos só os dois, lembro-me que tínhamos falado sobre quem deveria dar o primeiro passo: rapazes ou raparigas. Ou se as raparigas deveriam dar o primeiro passo, no caso de o rapaz não dar. Lembro-me de ela ter dito qualquer coisa como "Acho que os rapazes devem dar o primeiro passo e tento esperar, mas se ele não der, eu serei capaz de dar". Mas eu não quis deixar aquela oportunidade passar e antes de irmos, disse-lhe como me sentia. E foi recíproco.
Foi um fim de semana... "doloroso", onde nem consegui aproveitar bem tudo como queria, tal era a vontade de voltar a estar com ela, de falar com ela. Não precisava de mais. A maioria do pessoal do grupo já se tinha apercebido que havia qualquer coisa e não me deixavam em paz: "estás com saudades dela, não é?" - diziam eles.
Voltamos no domingo, mas apenas na segunda-feira tive oportunidade de voltar a estar com ela. Tanta emoção, tanta coisa para dizer... Ela não queria que aquilo fosse demasiado público por causa dos pais dela, e eu compreendi. Estar numa... relação que tem um prazo de validade (não que todas não tenham, mas o daquela era incrivelmente curto), com alguém que ela tinha conhecido há 5 dias...
Nesse dia (creio que foi nessa segunda-feira) fomos com algumas pessoas ao shopping que havia perto de onde estávamos.
Fomos com mais algumas pessoas, mas rapidamente nos separarmos. Por um lado porque as outras pessoas tinham coisas específicas para comprar, por outro para estarmos mais à vontade. Andámos um bocadinho e ela diz para irmos para o piso de cima. Pareceu-me uma cena estranha, "mas isso não é o parque de estacionamento?" - disse eu. "Não, não te preocupes" - respondeu ela.
Que ingénuo este rapaz. Era mesmo o verdadeiro totó.
Mal chegamos, percebi que era o parque de estacionamento, mas não percebi logo o que se passava, até que ela me puxou para perto de uma parede e nos beijámos.
Tudo parou.
Nunca tinha sentido nada assim. Ficamos lá cerca de 30, 45 minutos talvez, e depois voltamos para a associação.
Todo eu era um misto de emoções. Todo o tempo foi pouco para estar com ela. Não tinha telemóveis ainda, não sabia os dias em que ela poderia vir e estar connosco (comigo, vá) ou não. Muitas vezes nem ela sabia. Passei a maioria dos dias sempre à espera que ela aparecesse. Nuns tive sorte, noutros nem tanto.
Na altura em que lhe contei como me sentia por ela, ela perguntou-me se eu tinha alguém em Portugal. Eu, com medo de não ter a oportunidade de viver aquilo, disse que não. Mais tarde não fui capaz de lhe esconder a verdade e contei-lhe o que se passava. Foi um momento mais difícil na nossa curta relação, mas que ela soube compreender. Afinal, o que é uma relação começada por SMS e onde nem se esteve com a pessoa depois de ela começar? (Sim, foi assim com a Soraia, mas como disse, depois conto o resto.)
Houveram dias realmente muito bons. Eu sentia-me bem e nem queria pensar na possibilidade de ir embora. O fim da viagem foi-se aproximando rapidamente. Houve uma festa, meio que de despedida. Lembro-me de termos chorado. Lembro-me de ter chorado quando disse adeus, de dentro do autocarro que partia para o aeroporto.
Lembro-me de ter chorado ao ler a carta que ela pediu para alguém me entregar no avião.
Lembro-me de ter chorado muitas vezes em casa depois de ter chegado.
Lembro-me de, durante algum tempo ter tido a esperança que ela viesse viver para Portugal (estava dentro dos possíveis planos dela).
Lembro-me também de, às vezes esperar encontrá-la numa qualquer esquina, e descobrir que ela estava a viver cá.
Mantivemos o contacto. No início por carta e e-mail, depois mais por e-mail e outros meios eletrónicos. Umas vezes mais frequentemente, noutras mais espaçadamente.
A paixão foi, ficou a recordação com extremo carinho daquelas três semanas. Passaram-se 14 anos desde que isso aconteceu, por volta desta altura. Somos pessoas completamente diferentes, a vida moldou-nos de maneiras diferentes. Mas nada poderá apagar aquela história.
No 2.º ciclo de escolaridade, ou seja, lá pelos meus 10/11 anos, a vontade de ter uma namorada, a curiosidade destas relações ia aumentando.
Nessa altura os sentimentos ainda não eram assim tão significativos que tenham feito com que ficassem guardados na minha memória, mas algumas situações ficaram.
Como já disse, especialmente no início da minha juventude e adolescência, sempre fui assim meio pinga-amor. E no 5.º ano tive assim uma namorada, ou uma "namoradazita", vá.
Também já vos disse que até determinada altura sempre fui bastante respeitador (vulgo "inocente") e um bocado tonto. Mas nada disso impedia que em alguns intervalos específicos fossemos para trás de um pavilhão em específico, onde passava pouca gente, para dar uns beijos. Por essa altura havia também uma outra rapariga da minha turma que namorava e ia para lá fazer o mesmo. A rapariga com quem eu namorava na altura, muitas vezes tinha resistência ao que íamos fazer, e até medo de ser apanhada.
Aquilo foi acontecendo algumas vezes, não sei exatamente durante quanto tempo. Sei que o namoro não durou muito tempo (talvez um mês?).
Também não sei os pormenores do que se passou a seguir. Não sei se fomos apanhados, ou se alguns dos nossos outros colegas contaram à nossa diretora de turma (acredito mais que tenha sido esta última). Como consequência disto, numa das aulas seguintes com a diretora de turma, ela tirou algum tempo para falar connosco sobre os riscos de andar aos beijos, provavelmente enfatizando que ainda éramos novos e devíamos ter responsabilidade e cuidado com o que fazíamos, porque podíamos apanhar algumas doenças (herpes?), etc. etc.
No fundo ela devia estar preocupada por estarmos tão precocemente naquelas "andanças".
Eu sei que não tenho ainda muitos seguidores, e os poucos que tenho não se lembrarão. Para os que se lembram poderão estar a pensar: "Então ele não disse há dois posts atrás que o primeiro beijo dele foi no 8.º ano?". Ao que eu respondo: "Têm toda a razão!".
A parte mais interessante desta história é que tudo o que nós fazíamos, e que era tão grotesco que tínhamos de nos ir esconder para um recanto, era dar uns beijinhos na cara. Nada mais. Bom, a minha colega de turma e o namorado já se lambuzavam todos e faziam o "desentupimento da canalização", mas não eu.
Por consequência ouvi um sermão que não teria de ser para mim, e não sei o que a professora ficou a pensar de mim pois nunca foi esclarecer a verdade. E se nunca o fiz foi porque provavelmente pior que estar a ouvir um sermão que não tinha de estar a ouvir, era ter de admitir que quase tinha de me ir esconder para ir dar beijinhos na cara a uma rapariga. :)
No 8º ano eu mudei de turma logo no início do ano porque a composição da minha primeira turma não agradou aos meus pais (tinha muitos repetentes e muita gente velha demais para estar no 8º ano).
Conhecia um pouco algumas das pessoas da turma para onde fui, em especial uma rapariga, a Laura, que sempre tinha mexido comigo quando falava com ela por algum motivo. Essa mudança de turma fez com que tivesse mais contacto com ela e assim passamos a conversar mais e, como também fazíamos parte do caminho para casa juntos, fomos ganhando uma certa afinidade.
Não me lembro de todos os pormenores de como as coisas correram, e certamente que não me lembrarei de todos os pormenores de outras histórias, mas lembro-me que nesta em particular acabei por pedi-la em namoro.
O namoro, ou "namoro", era uma coisa natural, pelo menos no meio onde estava ou tendo em consideração as pessoas com quem me dava e a idade que tinha (cerca de 13 anos). Não havia muito o hábito de se curtir só "porque sim" e portanto o namoro era o passo normal para quem queria mais alguma coisa. No meu caso, e até ser relativamente mais velho, não me passou pela cabeça estar com uma rapariga só para poder curtir com ela, apesar de nessa altura esperar ansiosamente pela experiência do primeiro beijo.
Ela aceitou o meu pedido de namoro mas não queria que ninguém soubesse, sobretudo porque podia chegar aos ouvidos da mãe. Acho que nunca percebi os motivos concretos, mas estes teriam a ver com histórias do "passado" dela.
Eu sabia também que não seria o primeiro beijo dela, mas também por isso calculei que esse passo chegasse rapidamente para nós.
Lembro-me que combinámos as coisas para um dia e hora específicos. À hora de almoço (depois de almoçarmos), numa quarta-feira. Lembro-me que era quarta-feira por algum motivo, talvez porque o horário tivesse uma particularidade qualquer naquele dia da semana, mas isso ficou-me na memória, o que sempre achei curioso.
No dia e hora combinados, lá fomos para um lugar que sabíamos ser mais sossegado na escola, e a verdade é que enquanto lá estivemos, que também não foi muito tempo, não passou ninguém.
E assim foi. Chegámos e eu agarrei-me a ela contra a parede do pavilhão, naquele recanto exterior da escola, preparando-me para fazer algo de que certamente me lembrarei para o resto da vida. Não foi um beijo muito longo, foram cerca de três beijos de média duração, onde aproveitei para encostar bem o meu corpo no dela e também sentir os seus seios que eram daqueles atributos interessantes dela, e que me interessavam particularmente.
Lembro-me de ter sido bem interessante, provar aquela boca quente, aqueles lábios carnudos. Ela beijava bem. Naquela altura obviamente que não tinha ponto de comparação, mas vim a perceber com o tempo que de todas as raparigas que beijei, ela era das que melhor beijava. E não, não foi só por aquele ter sido o primeiro beijo que fiquei com essa recordação. Apesar de ter sido o único desse nosso curto namoro, as nossas histórias amorosas voltaram a cruzar-se mais à frente no tempo, mas isso fica para outro post.
Sim, foi um curto namoro. Não tivemos mais oportunidades para beijos e passados cinco dias a Laura chegou à minha beira a dizer que tínhamos de terminar. Alguém supostamente tinha feito chegar uma carta à mãe dela a dizer que namorávamos e ela não podia arriscar. Nunca acreditei muito naquela história mas a desilusão passou relativamente rápido.
Um passo importante da minha vida tinha sido dado.
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