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Isabel e a mensagem

por Samuel Garcia Portugal, em 27.05.16

Depois de ums posts mais lights, voltamos às histórias de... "amor"

Lembram-se da Isabel?

A Isabel foi aquela rapariga que conheci no aniversário de uma colega minha, quando fomos ao cinema. Eu tinha 15 anos, ela tinha 12.

Como contei na altura criou-se logo uma empatia muito grande entre nós os dois e, depois de termos conseguido os números de telemóvel um do outro, passávamos a vida a mandar mensagens um para o outro. Falávamos um sobre o outro, aproveitámos para nos conhecer um pouco melhor, da maneira que dava para ir conhecendo.

A internet ainda não era tão facilmente acessível nem tão usado como meio de comunicação entre jovens, por isso as mensagens eram o método de mais fácil.

Muitas vezes nas nossas mensagens falávamos sobre estarmos juntos, quando isso poderia acontecer, o que iríamos fazer, como iríamos reagir... Havia toda uma fantasia em redor desse momento. Eu continuava bastante ingénuo no que diz respeito a "relacionamentos". Não sabia bem o que esperar.

Certo dia estava em casa, lembro-me que estava a ajudar o meu pai a fazer uma coisa no computador, e não tinha propriamente muito tempo livre para andar a trocar mensagens, especialmente com o meu pai ao lado. Mas para ela arranjava sempre maneira. Até que, no meio da nossa conversa, ela manda a seguinte mensagem:

Posso fazer uma pergunta?

Esta é aquela frase que sabemos que trás água no bico. Alguma coisa de bom não vem aí... Imensos pensamentos inundaram-me a cabeça mas não conseguia encontrar algo que pudesse fazer sentido. Como é natural respondi-lhe:

Claro que podes! O que queres saber?

Nada me preparava para a resposta dela. E quase me caiu tudo quando abri a mensagem seguinte:

texting_2416309b.jpg

Tu masturbas-te?

Eu o que? Mas espera, quantos anos tem ela? 12? Eu acho que quando tinha a idade dela nem sequer sabia o significado dessa palavra em específico. Fiquei em choque, nem sabia bem o que responder, mil sensações e pensamentos me vieram à cabeça. Aquela rapariga estava muito mais "à frente" que eu e era bem mais nova. Só me ocorreu responder.

Sim. Tu também o fazes?

Fiquei na expectativa. Com o coração a mil e a ter de ficar ali a ajudar o meu pai... Escapava-me quando podia, mas não estava totalmente livre... Enquanto a minha cabeça continuava sem parar ela respondeu-me.

Eu também! Vamos trocar mensagens para nos excitarmos um ao outro?

Mais um choque! Tu queres fazer o que? Tudo aquilo para mim era território novo. Ela acabava de abrir novos caminhos para eu explorar na minha sexualidade. E naquele momento o meu pai tinha-me chamado, estava quase impossível fazer aquilo. Fui tentando mandar mensagens quando podia... Estava a descobrir o que era o sexting sem sequer conhecer essa palavra. "Anda lá pai, despacha-te que eu tenho aqui umas mensagens para trocar", pensava eu. Aquilo parecia uma eternidade, mas eu tentava manter a conversa a rolar. Eis que fiquei livre e disse:

Pronto, agora já estou mais disponível...

Naquela altura o meu coração já palpitava ansiosamente pela resposta... Queria por todos os meios dar continuidade aquela experiência. Ela respondeu:

Demoraste muito. Agora já tratei do assunto. Mas podemos continuar a falar.

Eu não sabia bem o que pensar. Um novo mundo de curiosidade tinha sido aberto na minha mente. Naquela idade já sabia relativamente bem o que queria, já sabia bem o que sentia. Já sabia perceber o que me excitava numa rapariga, já tinha fantasias sobre o que podia fazer com elas... Nunca tinha pensado na sexualidade da perspectiva de uma rapariga. Um mundo novo se tinha aberto para mim, milhares de perguntas flutuavam na minha mente.

Nas semanas seguintes as nossas conversas giraram em torno daquele tema. Eu só queria ter oportunidade de fazer aquilo outra vez, sem interrupções, explorar aquele mundo novo.

As conversas foram evoluindo. Em algum tempo passamos das mensagens aos telefonemas. Ela telefonava-me para casa, quando eu estava sozinho, e fazíamos a mesma coisa mas por telefone. Alguém que era significativamente mais nova que eu (tendo em conta a idade que tínhamos) estava a mostrar-me coisas que eu não conhecia, que nunca tinha sequer ouvido falar.

Ao longo do tempo ela nunca deixou de me surpreender e houveram mais algumas mensagens dela que me continuaram a deixar sem reação, nomeadamente:

Quero-te fazer um broche!

Como? Mas as raparigas agora é que tomam todo este tipo de iniciativa? Será que sou eu que me dou com as raparigas erradas? - Isto era tudo o que eu conseguia pensar naquelas alturas.

Em relação a esta última mensagem, ela depois explicou-me o motivo de tal vontade durante uma das nossas conversas telefónicas. Nada que me deixasse menos escandalizado mas, segundo ela, e aí não por estas palavras porque ao telefone a vergonha era outra, explicou que já lhe tinham feito um minete (sim, leram bem...) e ela tinha ficado com vontade de experimentar o inverso, de retribuir... Volta e meia ela mandava-me essa mesma mensagem, não necessariamente com as mesmas palavras, mas com o mesmo sentido.

A nossa história continuou por mais alguns anos, com altos e baixos, e com mais alguns momentos que valem a pena serem contados mais tarde...

 

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Vergonhas de criança

por Samuel Garcia Portugal, em 24.05.16

Eu tinha 8 anos, foi por volta de 1995. Estava no Algarve com a minha família de férias, e uns tios e primos também. Naquela altura o meu pai gostava de explorar todas as praias do Algarve e, dois tios meus e um primo gostavam muito da pesca. Todos esses fatores conjugados fizeram com que fossemos para perto da ponta de Sagres.

Uma revista (talvez a Visão) fez um artigo sobre praias interessantes e relativamente desconhecidas, e fez uma ótima recomendação da Praia do Barranco que ficava perto da ponta de Sagres.

Hoje em dia não sei, mas naquela altura, praticamente desde que se saía da N125 até à praia, que o caminho não era asfaltado, era tudo em terra batida (mal batida, o caminho era horrível). Mas lá chegámos. A praia até era agradável, tinha pouca gente e era vigiada.

Lembro-me de ter passado um bom bocado e de ter aproveitado bem a água. A minha mãe sempre foi um pouco apreensiva em relação ao mar e, segundo ela, aquele mar parecia um pouco traiçoeiro, porque aquilo fazia uma espécie de baía e, de vez em quando, o mar ficava mais agitado, com ondas bastante grandes.

Durante a tarde, numa altura em que me encontrava a divertir na água com a minha "pseudo-prancha" de bodyboard, a minha mãe achou que eu estava há tempo demais na água e pediu ao meu pai para me ir chamar e tirar da água. O meu pai com o seu "espírito jovem", e para não me querer estragar muito a diversão, disse que era a vez dele de experimentar a prancha e disse para eu ir buscar a câmara de filmar (na altura filmávamos tudo), para o filmar nas suas.... manobras.

Eu assim fiz e lá estive a filmar o meu pai durante algum tempo. E ele parecia mesmo divertido com aquilo, ao ponto de ter ido mesmo para longe e eu quase já não o conseguir apanhar com a câmara. Já estava com o zoom no máximo e volta e meia ia tentando filmar o que apanhava. A certa altura ele tenta gritar-me (julgava eu) alguma coisa que não percebi bem o que era. Achei que era ele a relembrar-me de o filmar, e lá gritei eu de volta "Eu estou a filmar"...

Hands-Drowning-Sea.jpg

 

Eis senão quando vejo o nadador salvador a entrar na água com a sua enorme prancha. Sendo que o meu pai era a única pessoa que estava na água naquela altura, qual foi o meu pensamento? "Olha, este acha que o meu pai se está a afogar ou assim e ele só está a pedir para eu o filmar". E este foi o meu pensamento por poucos instantes, até olhar para trás e ver a minha mãe e a minha irmã a virem para a minha beira já a chorar e aos berros. Aí percebi que, se calhar, o nadador salvador tivesse razão.

Eu fui acalmando a minha mãe com a minha sabedoria de 8 anos, e o nadador salvador trouxe o meu pai de volta para a areia. Deu-lhe um raspanete, dizendo que se não sabia o que estava a fazer com a prancha para não o fazer. E fê-lo saltar para a enorme prancha dele, onde estavam os dois, e fez também o meu pai dar aos braços para chegar até à areia como forma de castigo.

Tudo acabou bem, mas eu não deixei de guardar esta vergonha de ter pensado que toda a gente estava enganada menos eu. De qualquer forma aguentei-me feito um homem... bom, pelo menos até acabar toda a situação. Cerca de uma hora depois devo ter "caído em mim" e desatei a chorar porque nem fui capaz de me aperceber que se calhar o meu pai estava em dificuldades...

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Fui enganado...

por Samuel Garcia Portugal, em 16.05.16

Estava no terceiro ano da faculdade. Sempre gostei de futebol/futsal, jogava regularmente com amigos e até tinhamos uma equipa (muito fraquinha) que participava nos torneios da faculdade.

A determinada altura, a Powerade começou a ter um passatempo onde oferecia presentes aos melhores classificados num concurso que eles tinham, do tipo quiz. Contava se a resposta estava certa ou errada, e contava a velocidade com que cada pessoa respondia às perguntas.

E eis que eu me apercebo de uma coisa. Era possível subverter o sistema. As perguntas eram as mesmas para todos os utilizadores, apesar das perguntas e as respostas poderem vir numa ordem diferente. Bastou-me portanto criar um utilizador secundário, ver todas as perguntas e anotar as repostas de antemão. Depois, com o meu utilizador real, responder (sempre acertadamente) o mais rapidamente possível.

Os rankings eram mensais e eu estava em primeiro lugar para receber o prémio daquele mês (uma bola de futsal). Mas entretanto recebi um e-mail que me deixou deveras preocupado...

 

From: no-reply@powerade.pt

Carissimo(a) usuario(a):

Devido a recentes investigacoes, foram descobertas actividades fraudulentas no contexto no concurso corrente, referente ao mes de Abril.
A sua conta foi considerada perigosa. Por estes motivos esta conta sera banida da Liga Powerade.

As autoridades competentes tratarao do caso daqui em diante.

A administracao da Liga Powerade.

Comentei com os meus colegas, eles diziam-me para ter cuidado, que se calhar ia ter problemas.

handcuffs-lg.jpg

 

Andei uns dias em que não conseguia parar de pensar naquilo. Apesar de ter subvertido o sistema, não tinha feito nada de ilegal. No máximo podiam excluir-me dos prémios, mas nunca poderiam exercer nenhuma ação judicial sobre mim (ou era essa a minha dúvida).

Eis que um colega meu, vendo a minha angústia, resolveu dar a entender que se calhar não tinha sido a Powerade a enviar aquilo...

E não tinha sido mesmo. Tinham sido os meus colegas para me apanhar numa brincadeira. "Mas como? Se o e-mail veio de um endereço da Powerade?" perguntam vocês?

Nessa semana, na aula prática de uma das disciplinas que tínhamos, estavamos a aprender a usar comandos SMTP para enviar e-mails. Pondo isto em linguagem mais simples, se tivessemos acesso a um servidor SMTP (um tipo de servidor específico de envio de e-mails), podíamos enviar o e-mail em nome de quem nos apetecesse. Hoje em dia, os vários clientes de e-mail, e o próprio gmail já assinalam este tipo de e-mails como sendo possivelmente fraudolentos (não necessáriamente SPAM), e indicam que não conseguiram confirmar o destinatário, mas naquela altura não.

Os meus colegas tinham essa aula à terça-feira e eu só a teria à sexta-feira, pelo que eles tinham tempo para me deixar aqueles dias na dúvida. Descobri antes disso, mas efetivamente fui enganado durante alguns dias.

P.S. Ainda tenho a bola da Powerade lá em casa :D

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publicado às 14:26

Soraia, o namoro que nunca chegou a ser

por Samuel Garcia Portugal, em 05.05.16

Neste post falei da Soraia assim de passagem.

A Soraia é uma rapariga que conhecia da catequese. Sim, fiz a catequese até ao fim e cheguei a ajudar a dar catequese. Nunca foi uma rapariga pela qual me tivesse alguma vez sentido particularmente atraído. Sempre foi uma amiga... comum.

Em determinada altura, a Soraia teve de ser submetida a uma intervenção cirúrgica de algum risco mas em que tudo correu bem. O pessoal da catequese, no qual me incluo, assim como o nosso catequista, fomos visitá-la ao hospital depois dessa intervenção. Ela estava fraquinha, mas estava bem. Conversava e parecia bem disposta. E não sei exatamente o que aconteceu, mas alguma coisa despertou em mim um interesse por ela. Até hoje não sei o que terá sido. Como foi a primeira vez que estivemos juntos fora do ambiente da catequese pode ter ajudado, mas nem sequer estivemos sozinhos.

Senti o que senti, e refleti um pouco sobre aquilo. Achei que nunca ia dar a lado nenhum, porque poucas vezes estávamos juntos, porque ela nunca se interessaria por mim. Pouco tempo mais tarde, comentei com a minha amiga Luciana aquilo que tinha sentido, o que me tinha passado pela cabeça. A Luciana era das melhores amigas da Soraia, e andava comigo na escola e na catequese, e por isso estávamos mais tempo juntos. A Luciana foi uma boa ouvinte e é capaz de ter dado alguns conselhos, mas aquilo morreu por ali. ...pensei eu.

Toda esta parte da história, passou-se mais ou menos em janeiro e entretanto aquilo foi passando até que praticamente me esqueci do que tinha passado.

No início de março, recebo uma SMS no meu telemóvel que me deixa perplexo. E é incrível como há pormenores que ficam claramente gravados na nossa memória. Lembro-me que era uma quarta-feira, que estava um dia chuvoso, estávamos à espera do início de uma aula de Educação Física que não sabíamos se íamos ter, e eu olho para o meu Ericsson T10s roxo, e tinha uma mensagem que dizia mais ou menos o seguinte: "Desculpa, mas não consigo esconder mais isto. Estou apaixonada por ti."

Eu fiquei perplexo a olhar para aquilo, e acho que nem tinha a certeza de quem era o número, mas depois comecei a juntar as peças (talvez a mensagem viesse assinada), e fui falar com a Luciana. Ela confirmou que tinha sido a Soraia a enviar a mensagem. Que na altura da cirurgia, a Soraia tinha tido uma conversa com ela idêntica à que eu tive, e a Luciana contou à Soraia o que eu tinha dito, mas eu nunca soube de nada. A Soraia na altura não quis desenvolver mais nada, vá-se lá saber porque, e naquela altura resolveu mandar aquela mensagem.

Fomos conversando por SMS, aquilo que eu tinha sentido em janeiro reacendeu, e lá começámos o "namoro" por SMS.

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Por diversas questões não tivemos oportunidade de estarmos juntos antes de eu partir para o Brasil. E no Brasil já todos sabem o que se passou por aquele post.

 

.... (pausa para reflexão)

 

Quando voltei não conseguia deixar de pensar na Maria e, entretanto, lembrei-me que tinha de falar com a Soraia. Não fazia sentido continuar aquilo, até porque tudo o que eu eventualmente tinha sentido por ela se tinha desvanecido na imensidão do que foram os sentimentos daquelas 3 semanas no Brasil.

A Soraia por sua vez não desistiu facilmente, insistiu que podíamos tentar na mesma. Como ela também tinha ido de férias para Vigo com amigos naquele período, confessou-me também que me tinha "traído" com alguém. Mas que não fazia mal, que podíamos tentar. Eu não tinha cabeça, não queria pensar naquilo.

Ela acabou por desistir e isso passou.

Como acaba esta história? Passado alguns meses, poucos, a Soraia começa a namorar com um rapaz chamado Tomás. E com cerca de seis meses de namoro vem-me perguntar se eu achava que ela devia perder a virgindade. (Sim, estas coisas aconteciam-me). Eu fiquei estupefacto e disse que ela é que tinha de saber se estava preparada. Perguntei igualmente porque ela não falava com a Luciana que era muito mais amiga dela e certamente teria uma palavra mais sábia, ao que ela me respondeu que sabia qual seria a resposta da Luciana (dir-lhe-ia para não fazer isso), e por isso me perguntou a mim, porque era a única outra pessoa com confiança para o fazer.

Ela não resistiu muito mais tempo e lá "perdeu os três" com o Tomás. Mais tarde ela vem-me contar sobre ocasiões em que não tinha usado proteção, e pelos vistos ela não tomava a pílula... Pelo que tomou uma Pílula do dia seguinte. Comentei com a Luciana estas situações, e ela mostrou-se conhecedora do que se passava. Disse-me inclusivamente que não era a primeira vez que isso acontecia.

Conclusão? Passado uns seis meses ela diz que tem algo para me contar: Surprise, surprise!! Estava grávida.

Casou com o Tomás ainda durante a gravidez e tiveram a criança, que deve ter uns 12 anos. Penso que ela ainda está casada com ele, mas o contacto entre nós foi-se desvancendo muito ao longo dos tempos e não sei o que é feito dela agora.

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