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A minha primeira "namoradinha"

por Samuel Garcia Portugal, em 29.04.16

Hoje em dia não sei se o que eu tenho em mente corresponde à realidade, mas durante muitos anos acreditei que era. E o que eu tinha em mente é que na primeira classe tinha umas cinco raparigas que gostavam de mim (e elas eram dez no máximo).

Independentemente de quantas fossem, apenas duas suscitavam o meu interesse: a Débora e a Iara. As duas queriam "namorar" comigo (aquelas cenas de miúdos de 6 anos), e eu tinha que escolher com qual das duas queria namorar. A escolha não estava fácil, mas a ideia que eu tenho é que até estava um bocadinho inclinado para a Débora.

Mas a Iara tinha um "trunfo". A Iara tinha sete irmãos (sobretudo irmãs), todos mais velhos, e num dia qualquer, duas irmãs dela apareceram na primária. Não sei se era um dia especial ou se era um dia de aulas normal, mas elas já tinham sido alunas daquela escolha e a professora deixou-as estar lá. Provavelmente elas devem ter definido como objetivo para aquele dia fazer-me escolher a Iara. E usaram tudo o que podiam usar contra um miúdo de 6 anos: "ela vai ficar muito triste", "ela não vai falar mais contigo"... e se calhar bastou isso.

E pronto, convenceram-me. A partir desse dia comecei a "namorar" com a Iara. E supostamente namorei durante a primeira e segunda classes. Na terceira classe, num dos primeiros dias ela disse que não queria namorar mais comigo.

boyfriendgirlfriend.jpg

 

O namoro consistia em beijinho na cara no dia dos anos dela (2 de outubro, não me esqueço), e alguns telefonemas para casa nas férias.

Mais tarde arrependi-me da escolha que fiz. A Débora acabou por sempre ser mais minha amiga: por exemplo quando fui operado aos pés, ela foi visitar-me a casa, coisa que a Iara nunca fez. Contudo, acho que o principal motivo que me fez arrepender de não ter escolhido a Débora foi outro.

Lembram-se da história do 5º/6º ano, onde eu ia dar beijinhos na cara atrás do pavilhão e fui repreendido por isso, achando a professora que eram beijos na boca? Nesse post creio que disse que havia um outro casal que dava mesmo beijos na boca... A rapariga desse casal era a Débora. Portanto, durante muito tempo pensei que se a minha escolha na primeira classe tivesse sido outra, a minha vida amorosa poderia ter levado um rumo totalmente diferente e provavelmente mais precoce, que para mim teria sido incrível enquanto adolescente.

 

Ou se calhar talvez não.. :P

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O desenho do sapateiro

por Samuel Garcia Portugal, em 19.04.16

Esta é uma história daquelas curtinhas, mas que também sempre ficou bem gravada na minha memória.

Fui um rapaz que com 5 anos já conseguia ler razoavelmente bem. Sabia bastantes regras e portanto entrei na primária já com algum "avanço" a esse nível.

O episódio terá ocorrido algures entre a primeira ou segunda classe. A tarefa era fazer um desenho, provavelmente relacionado com alguma história que ouvimos ou assim. Não me lembro do motivo. Lembro-me de ter decidido desenhar alguma cena que incluia um sapateiro. Então desenhei a "casa/loja" do sapateiro. Eu sempre fui muito mauzinho a fazer desenhos, mas lá desenhei a casita, e decidi escrever no telhado "SAPATEIRO", para identificar bem aquela construção.

house.jpg

 

Mas eis que me lembrei: "Nós ainda não aprendemos como se escreve o 'r' em sapateiro! Eu já sei, mas como não aprendemos vou antes escrever SAPATO, para não fazer uma coisa que ainda não aprendemos."

Assim fiz, e fui mostrar o desenho à professora dizendo: "Escrevi SAPATO porque ainda não aprendemos a escrever SAPATEIRO.". E antes que tivesse tempo de explicar que eu sabia como era, e não queria era fazer coisas "à frente" do que tínhamos aprendido, ela respondeu-me "É com 'r' que escreves SAPATEIRO."

Não foi nada de especial, mas senti-me super injustiçado por ela não se ter apercebido que eu sabia. A partir daí decidi que nunca mais ia deixar de fazer aquilo que sabia para não parecer mais inteligente que os outros...

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publicado às 11:27

Tag: Liebster Award

por Samuel Garcia Portugal, em 12.04.16

liebster-award-nomination.png

 

Bom, não era a minha intenção participar neste tipo de coisas. Nem sequer estava à espera do gentil convite da CC para participar. Mas visto que a intenção é descobrir novos blogs e partilhar coisas, vamos em frente.

 

As regras para receber o Award são:

  • Escrever 11 factos sobre nós próprios;
  • Responder às perguntas que nos colocaram;
  • Escolher entre 10 a 20 blogs com menos de 200 seguidores;
  • Fazer 11 perguntas a esses blogs nomeados;
  • Colocar a foto do Liebster Award no post;
  • Enviar o link do post a quem te nomeou

 

Portanto... 11 factos sobre mim:

  1. Sou ansioso por natureza. Vivo a pensar no próximo evento significativo da minha vida, seja ele bom ou menos bom.
  2. Odeio ir ao dentista. Tenho "traumas" de infância e a vida não me presenteou com bons dentes.
  3. Sou religioso. Considero-me católico praticante.
  4. Gosto de escrever. Mais ou menos óbvio, senão não estava aqui, mas também já compus as minhas músicas.
  5. Uma das primeiras profissões que quis ter foi ser professor de Matemática. Não foi no que me formei, nem é aquilo que exerço atualmente.
  6. Sou casado.
  7. Sou um "bocadinho" doente por futebol.
  8. Sou consumidor ávido de séries. Neste momento, de séries que ainda não acabaram, sigo mais de 15.
  9. Esqueço-me facilmente da maioria das coisas que acontecem nos livros que li/filmes que vi.
  10. Sou péssimo com nomes e datas (e caras já agora).
  11. Gosto de pensar que sou uma pessoa justa, mas tenho noção que nem sempre o consigo ser.

 

As 11 perguntas da CC:

1 - Quando começaste o blog?
Comecei o blog a 18 de fevereiro de 2016. Fresquinho portanto.

2 - Qual foi a tua maior tampa?
A que levei? Não me lembro de nenhuma em específico. Devido à minha insegurança só ia "na certa".

3 - Que tipo de pessoa mais te irrita?
As que têm a sua verdade como absoluta.

4 - O que é para ti algo muito injusto?
Algo muito injusto é, por exemplo, não se poder fazer o que se gosta na vida, mesmo que se seja muito bom nisso.

5 - Quem é a figura pública portuguesa mais ridícula/o para ti?
Há tantas... Mas acho que o José Castelo Branco ganha...

6 - Quem é o/a desportista mais jeitoso para ti?
Não me consigo lembrar de ninguém de cabeça. As tenistas normalmente são as mais jeitosas.

7 - Já planeaste a tua velhice?
Não. Não penso nisso por dois motivos. Não sei se chego lá e há tanta coisa que vai mudar até lá...

8 - Estás zangado com alguém?
Não que me lembre.

9 - Tens algum projecto na gaveta?
Tenho muitos, mas não acredito que nenhum saia de lá em breve.

10 - Gostas mais de doces ou salgados?
Acho que de doces. Mas é ela por ela.

11 - O que dizem os teus olhos? (NÃO RESISTI :-))
Dizem que sou mais transparente do que aquilo que devia, às vezes.

 

 

As minhas 11 perguntas:

1 - Porque decidiste responder a este desafio?

2 - O que te leva a escrever num blog?

3 - Se soubesses tudo o que sabes hoje, farias muitas coisas de maneira diferente na tua vida?

4 - Acreditas que os nomes ou os signos têm influência na personalidade das pessoas?

5 - O que achas que acontece depois de morreres?

6 - De que mais sentes falta no teu dia a dia?

7 - De que é que tens mais medo?

8 - O que é para ti um dia feliz?

9 - Onde gostavas de ir pelo menos uma vez na vida?

10 - Se tivesses dinheiro suficiente para não ter de trabalhar, o que farias da tua vida?

11 - O que vais fazer assim que saíres do computador? :P

 

 

Tenho que nomear blogs, portanto esperem que aceitem o desafio:

Alma Errante (Wandering Soul), Estado de (des)Graça, Um quarto para duas, … Até à lua, Conversa de Homens, O meu poema, A Estagiária, Crónicas de um Biscoito, Gene de traçaO Cliente Perfeito

 

Obrigado a todos ;)

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Primeira Paixão, Primeiro... Amor?

por Samuel Garcia Portugal, em 05.04.16

Aviso Prévio - Este post provavelmente vai ser bastante longo, mas eu acredito que vale a pena, especialmente para os interessados em seguir o blog.

 

Este foi um acontecimento que mudou a minha vida. Tão curto temporalmente, mas tão intenso. Foi um acontecimento daqueles que marca um "antes" e um "depois" na vida das pessoas.

Tinha 15 anos e tive a oportunidade de ir com um grupo (recreativo), ao Brasil, por um período de cerca de três semanas. Uma espécie de intercâmbio.

Tudo em mim queria aproveitar aquela experiência tanto quanto possível. Conhecer, viver, absorver tudo quanto pudesse. Era a minha primeira grande viagem para fora do país. Contava os dias para poder ir.

Na altura que fui de viagem, encontrava-me a... "namorar" com uma rapariga chamada Soraia. Uma história complicada que contarei noutro post, para encaixar nesta. Mas digamos que, de todas as relações a que chamei "namoro" aquela foi o que menos se assemelhou a isso. De qualquer maneira é relevante a informação.

Eu era dos mais novos do grupo. Apesar de ter bastante gente jovem, a maioria tinha idades entre os 16 e os 20 anos. Para os rapazes, estava a ser uma excitação pensar nas raparigas brasileiras, que tinham toda a fama que muita gente conhece de serem fáceis, ainda para mais com portugueses... É uma ideia que não se aplica a todas, mas posso dizer que há muitas que se encaixam nos dois estereótipos: tanto as que são efetivamente fáceis, como as que se deixam facilmente levar por um "portuga" tentando conseguir uma vida melhor na Europa do que no Brasil.

Contrariamente a tudo o que se podia esperar de mim, estava completamente alheado dessas situações. Não pensava minimamente nisso. Pela excitação da viagem em si, porque tinha tantas outras coisas para descobrir... e talvez porque, apesar de ser pinga-amor, sempre pensava nas relações a longo prazo, por mais curtas que algumas pudessem ter acontecido na minha vida. Eu era jovem e bastante imaturo, mas tinha algumas ideias bem formadas na minha cabeça.

Chegamos a uma quarta-feira e íamos ficar num grupo idêntico ao nosso que nos recebeu por lá. Algumas pessoas vieram receber-nos ao aeroporto. No caso, vieram umas três raparigas desse grupo brasileiro. O alvoroço entre os rapazes foi logo grande, mas eu praticamente nem me lembro de as ter conhecido.

Era uma loucura. Foi no fim de março, estava a começar o outono no Brasil. Estava quente, uns 30ºC... começou a chover. Fomos para o terraço da associação onde íamos ficar hospedados e tomámos banho de chuva. Isto só para dar uma ideia do clima de diversão que por ali havia.

Depois... Eu nem sei bem como as coisas se passaram. Lembro-me de alguns momentos chave. Estávamos sentados rapazes e raparigas, em cima do palco dessa associação a conversar. A trocar ideias, experiências, como eram as coisas lá e cá. E houve uma rapariga que me chamou à atenção, a Maria. Houve uma qualquer tema em que todos deram a sua opinião, e a nossa era absolutamente coincidente. Não saberíamos completar melhor as frases um do outro. Acho que foi aí que as coisas começaram. Pelo menos para mim. E depois fomo-nos descobrindo. Ela era 4 dias mais nova que eu. Tudo era um motivo para me sentir mais e mais atraído... E não havia nada de "físico" naquilo. Apesar de ela ser bonita, não era isso que me chamava. Cada vez mais as conversas faziam sentido, cada vez mais tinha vontade de estar com ela, falar com ela... E chegámos a sexta-feira.

Sim, foram três dias, se calhar nem isso, mas estávamos num ambiente muito fechado. Eu costumava comparar muito aquilo com o Big Brother, pelo menos com o primeiro BB português que foi o que eu vi, e que provavelmente foi o mais genuíno deles todos. Num ambiente assim, em que as pessoas estão 24h sobre 24h umas com as outras, as coisas acontecem de uma maneira diferente, com uma intensidade diferente. Especialmente sabendo que aquilo tem um prazo de fim.

Nós estávamos no Rio de Janeiro, e nessa sexta-feira à noite iríamos viajar para São Paulo, de onde só voltaríamos no domingo. Como falávamos sobre situações amorosas, com toda a gente, ou quando estávamos só os dois, lembro-me que tínhamos falado sobre quem deveria dar o primeiro passo: rapazes ou raparigas. Ou se as raparigas deveriam dar o primeiro passo, no caso de o rapaz não dar. Lembro-me de ela ter dito qualquer coisa como "Acho que os rapazes devem dar o primeiro passo e tento esperar, mas se ele não der, eu serei capaz de dar". Mas eu não quis deixar aquela oportunidade passar e antes de irmos, disse-lhe como me sentia. E foi recíproco.

Foi um fim de semana... "doloroso", onde nem consegui aproveitar bem tudo como queria, tal era a vontade de voltar a estar com ela, de falar com ela. Não precisava de mais. A maioria do pessoal do grupo já se tinha apercebido que havia qualquer coisa e não me deixavam em paz: "estás com saudades dela, não é?" - diziam eles.

Voltamos no domingo, mas apenas na segunda-feira tive oportunidade de voltar a estar com ela. Tanta emoção, tanta coisa para dizer... Ela não queria que aquilo fosse demasiado público por causa dos pais dela, e eu compreendi. Estar numa... relação que tem um prazo de validade (não que todas não tenham, mas o daquela era incrivelmente curto), com alguém que ela tinha conhecido há 5 dias...

Nesse dia (creio que foi nessa segunda-feira) fomos com algumas pessoas ao shopping que havia perto de onde estávamos.

Fomos com mais algumas pessoas, mas rapidamente nos separarmos. Por um lado porque as outras pessoas tinham coisas específicas para comprar, por outro para estarmos mais à vontade. Andámos um bocadinho e ela diz para irmos para o piso de cima. Pareceu-me uma cena estranha, "mas isso não é o parque de estacionamento?" - disse eu. "Não, não te preocupes" - respondeu ela.

Que ingénuo este rapaz. Era mesmo o verdadeiro totó.

Mal chegamos, percebi que era o parque de estacionamento, mas não percebi logo o que se passava, até que ela me puxou para perto de uma parede e nos beijámos.

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Tudo parou.

Nunca tinha sentido nada assim. Ficamos lá cerca de 30, 45 minutos talvez, e depois voltamos para a associação.

Todo eu era um misto de emoções. Todo o tempo foi pouco para estar com ela. Não tinha telemóveis ainda, não sabia os dias em que ela poderia vir e estar connosco (comigo, vá) ou não. Muitas vezes nem ela sabia. Passei a maioria dos dias sempre à espera que ela aparecesse. Nuns tive sorte, noutros nem tanto.

Na altura em que lhe contei como me sentia por ela, ela perguntou-me se eu tinha alguém em Portugal. Eu, com medo de não ter a oportunidade de viver aquilo, disse que não. Mais tarde não fui capaz de lhe esconder a verdade e contei-lhe o que se passava. Foi um momento mais difícil na nossa curta relação, mas que ela soube compreender. Afinal, o que é uma relação começada por SMS e onde nem se esteve com a pessoa depois de ela começar? (Sim, foi assim com a Soraia, mas como disse, depois conto o resto.)

Houveram dias realmente muito bons. Eu sentia-me bem e nem queria pensar na possibilidade de ir embora. O fim da viagem foi-se aproximando rapidamente. Houve uma festa, meio que de despedida. Lembro-me de termos chorado. Lembro-me de ter chorado quando disse adeus, de dentro do autocarro que partia para o aeroporto.

Lembro-me de ter chorado ao ler a carta que ela pediu para alguém me entregar no avião.

Lembro-me de ter chorado muitas vezes em casa depois de ter chegado.

Lembro-me de, durante algum tempo ter tido a esperança que ela viesse viver para Portugal (estava dentro dos possíveis planos dela).

Lembro-me também de, às vezes esperar encontrá-la numa qualquer esquina, e descobrir que ela estava a viver cá.

Mantivemos o contacto. No início por carta e e-mail, depois mais por e-mail e outros meios eletrónicos. Umas vezes mais frequentemente, noutras mais espaçadamente.

A paixão foi, ficou a recordação com extremo carinho daquelas três semanas. Passaram-se 14 anos desde que isso aconteceu, por volta desta altura. Somos pessoas completamente diferentes, a vida moldou-nos de maneiras diferentes. Mas nada poderá apagar aquela história.

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publicado às 17:53


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